O jornalista e apresentador do “Fantástico” conta a trajetória da sua vida pessoal até seus 50 anos, no primeiro livro digital intitulado “50, Eu?” Em entrevista na tarde desta sexta-feira (6), enquanto recebia os leitores na 16ª Bienal do Livro no Rio, que vai até domingo (8), Zeca disse que nada ficou de fora do livro.
“Da cabeça aos pés, passando pelo sexo, pela pele, pela memória, pelas entranhas. Nenhuma dobrinha ficou de fora. Várias vezes eu fui nu ao espelho [para escrever o livro]. Teve um capítulo sobre o tórax que eu entreguei para a revisão. Depois saí do banho e olhei uma dobrinha esquisita. Não poderia falar do meu tórax sem falar da dobrinha. Peguei o capítulo de volta.”
O e-book é dividido em capítulos nomeados como “Cabeça”, “Tronco” e “Membros”. Com a ideia inicial de que o livro se chamasse “Cabeça, tronco, membros e outros obstáculos”, Zeca quis falar, principalmente, sobre a sua relação com o corpo ao chegar aos 50 anos. Mas o jornalista, que já foi dançarino, disse que o que lhe causou mais espanto durante a construção da narrativa foi a sua memória.
“A olhada no espelho não foi torturante, mas perceber que a memória está indo embora e que ela tende a piorar é muito difícil admitir. Não está nada 100%. Acho que é legal você admitir isso e tentar trabalhar com o que tem de bom e brincar um pouco com isso. Eu não vou ter o corpo, nem a memória, nem o rosto que tinha aos 25 anos.”
“Eu fui começar a prestar atenção no corpo quando eu comecei a dançar [Zeca foi dançarino dos 19 aos 31 anos]. Passei a cuidar do corpo naturalmente. Eu só fui cuidar do meu corpo como obrigação depois que eu fiz 40 anos. Hoje em dia é um acordo que eu fiz comigo mesmo. Eu tenho que me cuidar. Eu me estranho hoje. Ao me olhar várias vezes no espelho para escrever o livro eu me deparei com um cara de 50 anos. Não tenho mais o brilho da pele, os cabelos estão um pouco brancos, mas não tenho com o que negociar. Eu não fico frustrado”, disse.
Fonte: G1