Como caracterizá-lo? Um GP que divide opiniões e tem opinião formada sobre os mais polêmicos assuntos... Acho uma boa definição para o rapaz.
Com residência em Araçatuba/SP, o entrevistado de hoje possui um blog com relatos bem feitos de suas aventuras no mundo pago e análises das mais diferentes situações que envolvem o mundo Gay.
Quando resolvi que iria fazer novas entrevistas quis a participação de alguns GPs, pois sempre tive curiosidade sobre está profissão e os profissionais que nela trabalham. Tritani foi uma escolha óbvia para o tipo de GP que queria entrevistar: Bonito, Comentado e que fosse inteligente (Não alienado como alguns GPs que encontramos por aí).
Então sem mais, leiam a nossa entrevista com o GP Renato Tritani:
Apresente-se a nós, falando um pouco da pessoa que dá vida ao Tritani?
Sou um cara calmo, tranquilo, mas que luta por aquilo que acredita. Não gosto de ver coisa errada, e busco mudar aquilo que está ao meu alcance. Gosto muito de mim, e sempre que possível tento realizar meus sonhos, desde que isso não signifique ser desleal com os outros, ou causar prejuízos a terceiros (se alguém tenta fazer essas coisas comigo, arruma o pior inimigo que pode imaginar).
Estuda? O quê?
Conheço muita gente que fez ou faz Direito, o que me levou a seguir esse caminho, mas os pedidos de programa fizeram que eu ficasse de dependência em algumas matérias, e no momento só estou fazendo DP (fiquei um semestre atrasado). Isso deu uma aliviada na agenda, permitindo que eu visitasse outros cursos. Como a atividade de GP envolve ouvir as pessoas e ajudá-las a se encontrar, no momento estou pensando em mudar pra Psicologia (acho que teria mais a ver comigo).
Estando na profissão mais antiga que se tem notícia, como você definiria “ser um garoto de programa”?
Assumir outra identidade pra fazer os outros felizes, ajudando-os a realizar suas fantasias mais secretas.
O seu nome de “guerra”, Tritani, tem algum inspiração?
Sim: foi inspirado no sobrenome “Triani”. Coloquei um “t” a mais pra lembrar “triturar” (já que meu estilo é o “mete-forte”) e soar italiano (o que combina com um garoto de luxo).
Os que trabalham com o corpo muitas das vezes são assimilados a produtos. Como em uma concorrência, em que o melhor é o que tem as melhores qualidades, nos passe suas medidas e qual é o seu diferencial em um meio tão concorrido?
Tenho 66 k, 1,71 m, pinto com 18 cm de comprimento por 16,5 cm de circunferência. Meu diferencial é me adaptar às necessidades do cliente: curto ficar conversando atenciosamente, tratando a pessoa como um namorado, mas também sei interpretar o dominador devasso, que pega pra valer e enterra a pica bem fundo, depois de a pessoa ficar dizendo que nunca iria entrar. Aliás, pra comer um rabo mexo muito com a mente do cliente, fazendo-o relaxar bem fundo; alguns não têm paciência e acabam perdendo a oportunidade de experimentar, mas quem se permite a isso acaba gostando.
Quando entrou neste meio? Por intermédio de alguém? Como foi esse contato e interesse em vender o entretenimento sexual as pessoas?
Entrei há pouco mais de um ano, por vontade e conta própria. Tinha um desejo louco de entrar na prostituição, mas havia um pequeno problema (“detalhezinho”): não era nada promíscuo, e era extremamente exigente ao escolher com quem ia me relacionar! Precisei me reinventar pra gerar o Tritani.
Como foi seu primeiro programa com um homem? Já havia tido experiências anteriores com pessoas do mesmo sexo?
Não foi muito legal, porque ele escondeu suas preferências pra ver se conseguia me comer (felizmente, hoje é difícil acontecer isso), além de ser antipático. Havia tido poucas experiências com homens, mas nenhuma satisfatória.
Relaciona-se com homens sem ser por dinheiro? Gay-for-pay, acha que existe?
Depois que virei GP só tive duas experiências sexuais por fora, há não muito tempo (as duas foram satisfatórias!). Eram caras que jamais contratariam um GP... Sim, acho que existe “gay-for-pay”; antes não acreditava, mas com o tempo acabamos descobrindo que há tonalidades sexuais que nem imaginávamos... Depois que virei GP, entendi melhor a sexualidade (minha e dos outros).
Como lida com a higiene em seus programas? Faz alguma exigência aos seus clientes? E os seus cuidados higiênicos? (como depilação, chuca...)
Sou 100% ativo, mas como os caras adoram chupar meu ânus, limpo essa região com papel higiênico umedecido. Também depilo as costas, aparo os pelos pubianos e não deixo os pelos crescerem muito na barriga; a maioria dos clientes adora meus pelos na perna, que estão sempre lá. A exigência que faço aos clientes é que façam uma chuca bem feita se quiserem ser passivos, escovem bem os dentes e não apresentem odores fortes, porque isso me quebra.
Ocorreu em seus programas algum acidente de percurso? (Problemas fisiológicos) Como lida com estes problemas?
Várias vezes. Busco contornar a situação, mas sem fingir que não aconteceu nada. Se não saiu muito, ponho outra capa e continuo metendo; se saiu muito, dou a entender que não dá pra continuar metendo e ofereço outras opções.
Já teve algum pedido envolvendo fetiche e o achou “diferente”?
Um londrinense quis passar o programa assistindo-me vestir várias cuecas, sem penetração nem chupadas, e pediu pra eu gozar sobre um móvel do quarto (de tão suave, foi um fetiche bem diferente!). Uma biriguiense quis apanhar de chicotinho, fingindo ser uma escrava da época dos senhores feudais, que era estuprada pelo dono.
Quais fetiches você pratica? E quais não?
Mijo sobre o cliente, deixo ele chupar meus pés, gozo em qualquer parte do seu corpo, bato na cara, mordo forte etc. Só não faço passivo, não penetro sem camisinha, e nem mato animais. Desde que não seja algo que possa prejudicar minha saúde ou fazer eu me sentir mal, está valendo!
Qual a média de idade de seus clientes?
35 anos.
O mais velho e o mais jovem que já atendeu?
O mais velho aparentava 50; o mais jovem disse ter 19, mas parecia bem menos.
Quais as principais diferenças entre os extremos, no que diz respeito às preferencias no programa?
Há aqueles que só querem gouinage (sexo sem penetração), e aqueles que são viciados em sexo anal. Há os que só chupam meu pau com camisinha, e os que ligam bem antes, pedindo pra eu guardar minha porra pra eles beberem mais tarde.
Já atendeu virgens? Como age em tais situações?
Várias vezes, e adoro! Bato um papo certeiro antes da transa, e na hora “H” sei tocar do jeito certo e fazer o cliente acreditar que vai rolar tudo bem.
Você atende tanto mulheres como homens, ou ambos, como sempre relata em seu blog. Hoje você se considera bissexual?
Sim.
Alguns GPs afirmam não existir profissionais 100% ativo, ou seja, a maioria seria passivo. Você concorda com isto?
A grande maioria é versátil, mas há os 100% passivos (mais raros) e 100% ativos.
Você sempre deixa claro ser o ativo, não aceitando ser penetrado. Nunca foi o passivo para algum cliente? E fora do meio profissional por curiosidade?
Jamais fiz passivo na vida. Se o cliente fosse um gatão, com papo sedutor e muita grana, eu poderia tentar. Mas deixo fazerem fio-terra, e numa dessas acabaram errando na medida, machucando-me um pouco; foi a única vez que senti algo semelhante a fazer passivo – e só confirmou que não gosto disso! Desde então, deixo bem claro: “ponha só um dedo”.
Qual é o público que mais procura os seus serviços? (feminino ou gay)
Gay.
Já recusou atender algum cliente? Algum motivo o faz ter tal atitude?
Não, mas já atendi um sujeito com um bafo sobrenaturalmente fedido. Eu tapava a respiração quando ele chupava meu pinto, porque o cheiro subia ao nariz. Consegui levar o programa até o fim (ele nem pediu beijo).
As mulheres apresentam pouco interesse pelo sexo pago, concorda?
A maioria não mostra interesse, mas fico em dúvida se elas realmente não gostam, ou estão escondendo o jogo...
Sua família sabe da sua profissão?
Não.
Tem namorada(o)?
Não.
Por não mostrar o rosto, algo que pode ser positivo ou negativo, qual a reação dos clientes ao te ver por inteiro?
Nunca aconteceu de alguém mostrar arrependimento (não sei porquê, mas tem gente que não gosta que eu diga isso; não há problema em declará-lo, pois é a verdade). O que aconteceu foi a pessoa mostrar surpresa, por me imaginar com outro padrão de rosto.
Em seus programas sempre está excitado com o parceiro, ou já houve situações em que teve que se imaginar com outras pessoas para manter a ereção?
Sim, já aconteceu de precisar botar a imaginação pra funcionar. Não me imagino transando com terceiros, e sim estar assistindo certas pessoas transando entre si, ou de estar no corpo de outras pessoas.
A carreira de GP é um pouco curta, você tem planos de quando irá parar?
Dentro de um ano.
Trabalhando com o sexo como fica sua intimidade com parceiros na vida pessoal?
Após entrar na putaria, só tive aquelas 2 experiências que citei anteriormente.
Sabemos que a relação entre cliente e garoto muitas vezes ultrapassa o profissional, já teve algum relacionamento amoroso com clientes?
Não, mas o cliente religioso, que também era ativo (citado aqui), mexeu comigo a nível sentimental. Foi algo de encaixe mútuo, que me fez ficar lembrando dele mais tarde.
Alguns garotos de programas afirmam não gozarem em seus programas, para assim não perderem o apetite sexual e conseguirem fazer mais programas no mesmo dia. Você é adepto desta prática?
Isso é algo mais próprio de saunas ou ruas, onde rola o fast-fuck com vários clientes seguidamente. Se tenho um cliente após o outro, tento combinar de não gozar antes do último programa, pra segurar o tesão. Mas normalmente os clientes pedem horários distantes um do outro, permitindo que me recupere.
Sua profissão não é como as demais, que tem um horário de início e término, estando disponível quase que 24 horas por dia aos desejos de seus clientes. Como todo ser humano há momentos que não está excitado, você usa algum medicamento para contornar está situação?
Sim! O citrato de sildenafila está sempre à mão.
Muitas pessoas têm aquelas imagens representadas nos cinemas de frustações envolvendo a prostituição, como ao chegar em sua casa e o GP se sentir usado por outra pessoa, de ser tratado como mercadoria, já ocorreu isto com você?
Mas é isso que me excita! Adoro ser visto como a mercadoria. Quando chego em casa fico com uma sensação boa, de dever cumprido...
Você muitas vezes dá sua opinião sobre vários assuntos polêmicos em seu blog. Um que me chamou atenção publicado por você, no qual diz que a AIDS não se transmite por sexo oral. Você não tem medo de tal declaração ter repercussão negativa, por se tratar de uma afirmativa muito disseminada, mas com pouco apoio científico divulgado?
Eu não disse que não transmite, mas que o risco é desprezível. Mesmo tomando os devidos cuidados, é possível que eu seja atropelado, e nem por isso deixo de andar na rua todos os dias. Se você conhece alguém interessante numa balada, não vai ficar com medo de pegar AIDS no beijo, mesmo sabendo que é possível que haja alguma “feridinha” (como os terroristas de plantão gostam de falar) na mucosa das bocas de vocês, pela qual o vírus passe! Você examina o interior da boca de todas as pessoas que beija? O governo sabe que não há prova de transmissão da AIDS pelo beijo, e que não compensa abrir guerra contra isso, mas tem a coragem de abrir guerra contra o sexo oral, sendo que a chance de risco é a mesma. Quem diz isso não sou eu, e sim profissionais da área (como explico aqui). Nem bato boca com os outros sobre isso, e apenas digo pra fazerem o que eu fiz; não fiquem nos sites do Ministério da Saúde, mas procurem um profissional pra conversar “olho no olho”.
Até a relação hétero com camisinha, entre parceiros fixos e fiéis de longa data, apresenta algum risco. A questão é: considerando o tamanho do risco da prática “X”, vale a pena abrir mão dela? Colocando na balança, compensa passar vontade? Fazer anal (como ativo ou passivo) sem camisinha, por exemplo, não vale a pena. Mas fazer oral é (razoavelmente) seguro, tanto para quem faz, como para quem recebe (abrir mão dele não é razoável). Se o pênis (ou a boca) não possui feridas, verrugas ou sangramento (visível), a chance de transmissão da AIDS é (praticamente) nula. Se você não quer chupar sem camisinha, tudo bem; assim como eu posso escolher nunca mais atravessar a rua, nem beijar ninguém sem um exame acurado de todo o interior da sua boca (pra saber que não tem “feridinhas”...).
Bate Rebate:
Frango com quiabo (sem trocadilhos) – ou qualquer outro prato da cozinha mineira.
Um Sonho?
Ver o Brasil melhor.
Um ator?
Ben Stiller.
Uma atriz?
Cris Vianna (não assisto novelas, mas vi na web as cenas em que o Rodrigo Simas interpretou um prostituto, filho da personagem da atriz, e gostei do realismo que ela imprimiu nas cenas em que descobriu a atividade do garoto).
Um cantor?
Alex, da dupla sertaneja “Pedro Paulo e Alex”.
Uma cantora?
A sertaneja Thaeme.
Um filme?
“Três Formas de Amar”.
Um livro?
“O Livro das Virtudes”.
Um lugar?
Uma praia paradisíaca, debaixo de um solzão e um céu azul.
Quem lhe inspira?
Muita gente; vou citar só um nome: Lizzie Velasquez (veja uma parte da palestra dela aqui).
Religião?
É uma área com que não me identifico, apesar de viver cercado por pessoas religiosas, e compreendê-las (algumas acabaram me ajudando no começo da atividade, sem saber). Muitos dos meus clientes também são religiosos.
Se fizessem um filme sobre sua vida, em qual gênero ele se encaixaria?
Drama.
Se lhe fosse dado o poder de trazer dos mortos alguém, quem você ressuscitaria?
Itamar Franco.
E o contrário, quem você mandaria para o outro lado?
Kim Jong-un.
Se pudesse trocar de vida com alguém, quem seria esta pessoa?
Dilma Vana Roussef (não pela pessoa, mas pelo cargo que ocupa).
Defina-nos o que acha que é o Amor?
Entregar-se a outra pessoa, doando-se a ela para tê-la em você também.
E o ódio?
Tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra.
Você é Emoção ou Razão?
Razão (preciso dela até pra saber quando agir com emoção).
Uma frase?
Do mais devasso dos homens ao mais abnegado monge, todos procuram o mesmo: evitar a dor e alcançar o prazer; o que muda é o caminho...